- PÁSSAROS E VIOLA - (Cifras)
- 01 - A Majestade o Sabiá
Meus pensamentos tomam formas eu viajo
vou pra onde Deus quiser
Um vídeo-tape que dentro de mim retrata
Todo o meu inconsciente de maneira natural
Ah!
Tô indo agora prum lugar todinho meu
Quero uma rede preguiçosa pra deitar
Em minha volta sinfonia de pardais
Cantando para a majestade, o sabiá
A Majestade, o sabiá
Tô indo agora tomar banho de cascata
Quero adentrar nas matas onde Oxossi é o Deus
Aqui eu vejo plantas lindas e selvagens
Todas me dando passagem
Perfumando o corpo meu
Ah!
Tô indo agora prum lugar todinho meu
Quero uma rede preguiçosa pra deitar
Em minha volta sinfonia de pardais
Cantando para a majestade, o sabiá
A majestade, o sabiá
Esta viagem dentro de mim foi tão linda
Vou voltar à realidade pra este mundo de Deus
É que o meu eu, este tão desconhecido
Jamais serei traído pois este mundo sou eu
Ah!
Tô indo agora prum lugar todinho meu
Quero uma rede preguiçosa pra deitar
Em minha volta sinfonia de pardais
Cantando para a majestade, o sabiá
A majestade, o sabiá
Ah!
Tô indo agora prum lugar todinho meu
Quero uma rede preguiçosa pra deitar
Em minha volta sinfonia de pardais
Cantando para a majestade, o sabiá
A majestade, o sabiá
vou pra onde Deus quiser
Um vídeo-tape que dentro de mim retrata
Todo o meu inconsciente de maneira natural
Ah!
Tô indo agora prum lugar todinho meu
Quero uma rede preguiçosa pra deitar
Em minha volta sinfonia de pardais
Cantando para a majestade, o sabiá
A Majestade, o sabiá
Tô indo agora tomar banho de cascata
Quero adentrar nas matas onde Oxossi é o Deus
Aqui eu vejo plantas lindas e selvagens
Todas me dando passagem
Perfumando o corpo meu
Ah!
Tô indo agora prum lugar todinho meu
Quero uma rede preguiçosa pra deitar
Em minha volta sinfonia de pardais
Cantando para a majestade, o sabiá
A majestade, o sabiá
Esta viagem dentro de mim foi tão linda
Vou voltar à realidade pra este mundo de Deus
É que o meu eu, este tão desconhecido
Jamais serei traído pois este mundo sou eu
Ah!
Tô indo agora prum lugar todinho meu
Quero uma rede preguiçosa pra deitar
Em minha volta sinfonia de pardais
Cantando para a majestade, o sabiá
A majestade, o sabiá
Ah!
Tô indo agora prum lugar todinho meu
Quero uma rede preguiçosa pra deitar
Em minha volta sinfonia de pardais
Cantando para a majestade, o sabiá
A majestade, o sabiá
- 02 - Chico Mineiro
Fizemos a última viagem
Foi lá pro sertão de Goiás
Fui eu e o Chico Mineiro
Também foi o capataz
Viajamos muitos dias
Pra chegar em Ouro Fino
Aonde passamos a noite
Numa festa do Divino
A festa estava tão boa
Mas antes não tivesse ido
O Chico foi baleado
Por um homem desconhecido
Larguei de comprar boiada
Mataram meu companheiro
Acabou o som da viola
Acabou-se o Chico Mineiro
Depois daquela tragédia
Fiquei mais aborrecido
Não sabia da nossa amizade
Por que nós dois "era" tão unido
Quando eu vi seu documento
Me cortou o coração
Vim saber que o Chico Mineiro
Era meu legítimo irmão
- 03 - Saudade da Minha Terra
De que me adianta viver na cidade
Se a felicidade não me acompanhar
Adeus paulistinha do meu coração
Lá pro meu sertão eu quero voltar
Ver a madrugada quando a passarada
Fazendo alvorada começa a cantar
Com satisfação, arreio o burrão
Cortando o estradão, saio a galopar
E vou escutando o gado berrando
Sabiá cantando no jequitibá
Por Nossa Senhora, meu sertão querido
Vivo arrependido por ter te deixado
Esta nova vida aqui na cidade
De tanta saudade eu tenho chorado
Aqui tem alguém, diz que me quer bem
Mas não me convém, eu tenho pensado
Eu vivo com pena, mas esta morena
Não sabe o sistema que eu fui criado
Tô aqui cantando, de longe escutando
Alguém está chorando com o rádio ligado
Que saudade imensa do campo e do mato
Do manso regato que corta a campina
Aos domingo eu ia passear de canoa
Nas lindas lagoas de águas cristalinas
Que doce lembrança daquelas festanças
Onde tinha danças e lindas meninas
Eu vivo hoje em dia sem ter alegria
O mundo judia mas também ensina
Estou contrariado, mas não derrotado
Eu sou bem guiado pelas mãos divinas
Prá minha mãezinha já telegrafei
Que já me cansei de tanto sofrer
Nesta madrugada estarei de partida
Prá terra querida que me viu nascer
Já ouço sonhando o galo cantando
O inhambu piando no escurecer
A lua prateada clareando as estradas
A relva molhada desde o anoitecer
Eu preciso ir pra ver tudo ali
Foi lá que nasci, lá quero morrer
- 04 - Casa de Caboclo
Seja bem vindo nessa casa de caboclo
o que eu tenho é muito pouco
aqui neste fim de estrada
Tem um ditado aqui em nosso recanto
que o pouco com Deus é muito
e o muito sem Deus é nada
Não repare minha estrada esburacada
ela é trilha de boiada
ela é rota de tropeiro
Quando chove é uma lama grudadera
quando é sol vira poera
parecendo um fumaceiro
Seu carro moço é o primeiro que aparece
meu cachorro não conhece
nunca viu um trem assim
Pode até parece surpresa pro senhor
mais o progresso passou
e acho que esqueceu de mim
A minha água vem da fonte não tem cano
café cuado no pano
meu açucar é rapadura
Mais é da boa feita de cana caiana
o melado dessa cana
adoça qualquer margura
Se o senhor não tá com pressa eu vou mandar
minha veia preparar
um franguinho com quiabo
Aqui na roça eu não tenho o tal do wiski
para abrir o apetite
eu vou buscar um esquenta rabo
Seu carro moço é o primeiro que aparece
meu cachorro não conhece
nunca viu um trem assim
Pode até parece surpresa pro senhor
mais o progresso passou
e acho que esqueceu de mim
Agora que a gente já forro o peito
se quiser eu dô um jeito
pro senhor fazer o quilo
Não se preocupe não tem barulho de nada
aqui na minha morada
é só passarinho e grilo
Tem uma coisa que eu vou pedir pro senhor
pra me fazer um favor
na hora que for embora
Feche a porteira que me serve de escudo
para proteger o meu mundo
desse mundo lá de fora
Seu carro moço é o primeiro que aparece
meu cachorro não conhece
nunca viu um trem assim
Pode até parece surpresa pro senhor
mais o progresso passou
e acho que esqueceu de mim
Seu carro moço é o primeiro que aparece
meu cachorro não conhece
nunca viu um trem assim
Pode até parece surpresa pro senhor
mais o progresso passou
e acho que esqueceu de mim
- 05 - Moreninha Linda
Meu coração tá pisado
Como a flor que murcha e cai
Pisado pelo desprezo
Do amor quando se vai
Deixando a triste lembrança
Adeus para nunca mais
Moreninha linda do meu bem querer
É triste a saudade longe de você
O amor nasce sozinho
Não é preciso plantar
A paixão nasce no peito
Farsidade no olhar
Você nasceu para outro
Eu nasci para te amar
Moreninha linda do meu bem querer
É triste a saudade longe de você
Eu tenho meu canarinho
Que canta, quando me vê
Eu canto por ter tristeza,
Canário por padecer
Da saudade da floresta,
Eu saudades de você
Moreninha linda do meu bem querer
É triste a saudade longe de você
- 06 - Cabocla Tereza
Lá no alto da montanha
Numa casinha estranha
Toda feita de sapê
Parei numa noite à cavalo
Pra mór de dois estalos
Que ouvi lá dentro bate
Apeei com muito jeito
Ouvi um gemido perfeito
Uma voz cheia de dor:
"Vancê, Tereza, descansa
Jurei de fazer a vingança
Pra morte do meu amor"
Pela réstia da janela
Por uma luzinha amarela
De um lampião quase apagando
Vi uma cabocla no chão
E um cabra tinha na mão
Uma arma alumiando
Virei meu cavalo a galope
Risquei de espora e chicote
Sangrei a anca do tar
Desci a montanha abaixo
Galopando meu macho
O seu doutô fui chamar
Vortamo lá pra montanha
Naquela casinha estranha
Eu e mais seu doutô
Topemo o cabra assustado
Que chamou nóis prum lado
E a sua história contou"
Há tempo eu fiz um ranchinho
Pra minha cabocla morá
Pois era ali nosso ninho
Bem longe deste lugar.
No arto lá da montanha
Perto da luz do luar
Vivi um ano feliz
Sem nunca isso esperá
E muito tempo passou
Pensando em ser tão feliz
Mas a Tereza, doutor,
Felicidade não quis.
O meu sonho nesse oiá
Paguei caro meu amor
Pra mór de outro caboclo
Meu rancho ela abandonou.
Senti meu sangue fervê
Jurei a Tereza matá
O meu alazão arriei
E ela eu vô percurá.
Agora já me vinguei
É esse o fim de um amor
Esta cabocla eu matei
É a minha história, dotor.
- 07 - Terra Tombada
É calor de mês de agosto, é meados de estação
Vejo sobras de queimadas e fumaça no espigão
Lavrador tombando terra, dá de longe a impressão
De losangos cor de sangue desenhados pelo chão
Terra tombada é promessa, de um futuro que se espelha
No quarto verde dos campos, a grande cama vermelha
Onde o parto das sementes faz brotar de suas covas
O fruto da natureza cheirando a criança nova
Terra tombada, solo sagrado chão quente
Esperando que a semente, venha lhe cobrir de flor
Também minha alma, ansiosa espera confiante
Que em meu peito você plante, a semente do amor
Terra tombada é criança, deitada num berço verde
Com a boca aberta pedindo para o céu matar-lhe a sede
Lá na fonte ao pé da serra, é o seio do sertão
A água e o leite da terra que alimenta a plantação
O vermelho se faz verde, vem o botão vem a flor
Depois da flor a semente, o pão do trabalhador
Debaixo das folhas mortas, a terra dorme segura
Pois nos dará para o ano, um novo parto de fartura
- 08 - João de Barro - Pingo D´água
O João de Barro pra ser feliz como eu
Certo dia resolveu
Arranjar uma companheira
No vai e vem no barro da biquinha
Ele fez uma casinha
Lá no galho da Paineira
Toda manhã no berreiro da floresta
Cantava fazendo festa
Pra'quela que tanto amava
Mas quando ele ia buscar o raminho
Para construir seu ninho
Seu amor lhe enganava
Mas nesse mundo o mal feito é descoberto
João de Barro viu de perto
Sua esperança terminar
Cego de dor trancou a porta da morada
Deixando lá sua amada
Presa pro resto da vida
E semelhança entre o nosso fadalho
Só que eu fiz o contrário
Do que João de Barro fez
Nosso Senhor me deu força nessa hora
A ingrata eu pus pra fora
Onde anda eu não sei
- 09 - Luar do Sertão
Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão
Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão
Oh! que saudade do luar da minha terra
Lá na serra branquejando folhas secas pelo chão
Este luar cá da cidade tão escuro
Não tem aquela saudade do luar lá do sertão
Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão
Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão
Se a lua nasce por detrás da verde mata
Mais parece um sol de prata prateando a solidão
E a gente pega na viola que ponteia
E a canção e a lua cheia a nos nascer do coração
Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão
Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão
Mas como é lindo ver depois por entre o mato
Deslizar calmo, regato, transparente como um véu
No leito azul das suas águas murmurando
E por sua vez roubando as estrelas lá do céu
Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão
Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão
- 10 - Índia
Índia, seus cabelos nos ombros caídos,
Negros como a noite que não tem luar;
Seus lábios de rosa para mim sorrindo
E a doce meiguice desse seu olhar.
Índia da pele morena,
Sua boca pequena
Eu quero beijar.
Índia, sangue tupi,
Tens o cheiro da flor.
Vem, que eu quero te dar
Todo meu grande amor!
Quando eu for embora para bem distante
E chegar a hora de dizer adeus,
Fica nos meus braços só mais um instante;
Deixa os meus lábios se unirem aos seus.
Índia, levarei saudade
Da felicidade que você me deu.
Índia, a sua imagem
Sempre comigo vai
Dentro do meu coração,
Flor do meu Paraguai.