- Toxoplasmose congênita
- Saiba de que forma a toxoplasmose atinge animais e humanos, e aprenda a identificar os sinais dessa doença
Embora um grande grupo de animais possa ser infectado pela toxoplasmose e agir como transmissores – incluindo cães, porcos, aves, carneiros e bovinos – são os gatos os animais que levam a culpa pela propagação da doença, na maioria dos casos; sendo o problema chamado por muitos de “doença do gato”.
Essa “culpa” felina é, na realidade, sem cabimento; já que, dificilmente, os gatos domésticos seriam os responsáveis por tantos casos da doença – entretanto, muito seguem crendo neste grande mito, criado em função de que, assim como os humanos, os bichanos portadores da doença também são assintomáticos. Conforme citado, não são todos os gatos que possuem a doença, e a fama que esse animal tem pode ser considerada um tanto exagerada; até por que, mesmo que o bichano seja um portador, alguns cuidados básicos já podem evitar que a doença de propague.
Contando com diferentes formas de transmissão– bem mais comuns que por meio do contato com as fezes de gatos – e diferentes estágios infecciosos, a toxoplasmose pode causar sintomas variados em animais e seres humanos, sendo que as consequências desta doença são mais graves quando a pessoa ou o animal infectado é gestante; já que pode afetar na formação de órgãos determinados do filhote ou bebê. Conheça, a seguir, os principais meios de transmissão da doença, seus sintomas, formas de prevenção e tratamento, e aprenda a identificar os seus sinais.
- Transmissão da toxoplasmose
Isso prova, mais uma vez, que, embora os gatos sejam, até hoje, considerados os principais responsáveis pela transmissão da toxoplasmose, isso não passa de mito. De fato, os felinos – que são hospedeiros definitivos da doença - também podem ser transmissores da doença quando contaminados, produzindo fezes que contam com o protozoário Toxoplasma Gondii.
No entanto, para que a contaminação ocorra, é necessário que uma série de fatores seja levada em consideração, e o simples contato de humanos com gatos infectados (e até com suas fezes) não é garantia de que a transmissão da doença ocorra. Para isso, é necessário que as fezes do gato contaminado já tenham ficado expostas ao meio-ambiente por, pelo menos, 24 horas, promovendo a esporulação do agente e, dessa forma, tornando-o infectante.
Junto com isso, é necessário que a pessoa que entre em contato com estas fezes infectantes promovam a entrada desse material em seus corpos por via oral para que a contaminação aconteça e; dito isso, não fica difícil entender por que os gatos são injustamente considerados os principais causadores e transmissores da doença.
Além destas, outra forma comum de transmissão da doença é a congênita, que pode fazer com que animais e pessoas infectadas pela toxoplasmose passem a doença para seus filhos ou filhotes durante o nascimento. Em casos mais raros, a contaminação pode ocorrer em função do recebimento de órgãos transplantados que estejam infectados pelo parasita ou, ainda, pelo contato com o sangue de animais infectados (sendo este último caso mais comum em pessoas que trabalham com atividades com a caça, por exemplo).
- Conforme comentado na introdução, há três diferentes estágios infecciosos da toxoplasmose, que são os seguintes:
Taquizoítos Consiste na propagação e multiplicação da infecção pelos diversos tecidos corporais. Isso continua até que a contaminação seja destruída por um agente externo ou o sistema imunológico amenize o desenvolver do processo.
Bradizoitos É a forma de infecção aguda da doença, que consiste em um estado persistente da infecção, que pode ser encontrada em tecidos, músculos e órgãos viscerais – sendo que, em boa parte dos casos, quando a doença chega neste estágio, permanece no hospedeiro para o resto de sua vida.
Vale lembrar que, embora os cães também estejam sujeitos a serem contaminados pelo protozoário da toxoplasmose, eles não se tronam agentes disseminadores da doença quando infectados, ao contrário dos felinos.
- Toxoplasmose - Sintomas da toxoplasmose
Em muitos casos, os gatos que já nascem com a doença podem morrer logo após o parto, ou poucos dias depois. Entretanto, parte das consequências mais graves ocorre em felinos que são infectados ao longo da vida e já contam com algum tipo de disfunção imunológica, como FIV (também conhecida como AIDS Felina) ou Felv (Leucemia Felina). Nestes casos, problemas como depressão, anorexia, acúmulo de líquido no abdômen, falta de ar, mucosas amareladas, alterações na região ocular, tremores, convulsões e paralisia podem ocorrer, entre outros.
Em cães, a toxoplasmose costuma se manifestar de maneira bastante similar à cinomose (podendo dificultar a identificação do problema) e, nem sempre é necessária a existência de outra doença que comprometa a imunidade do cão para que os sinais apareçam. Infecções gastrointestinais e respiratórias estão entre os principais sintomas, causando problemas como febre, vômito, diarreia, tremores, convulsões, fraqueza ou rigidez nas patas e até paralisia; já que a doença pode agir no sistema nervoso central do animal.
Nos seres humanos, a doença também pode afetar um grande grupo de órgãos e regiões do corpo, incluindo fígado, pulmões, olhos e cérebro. Dores de cabeça, de garganta, musculares e a presença de gânglios são os sinais mais comuns em pessoas contaminadas – sendo que os primeiros sintomas se manifestam, normalmente, em uma ou duas semanas após a exposição ao protozoário.
No caso de pessoas contaminadas que tenham algum tipo de problema de imunidade (como os portadores de HIV), as consequências são bem mais graves, e podem incluir desde confusão mental e febres até inflamações nos olhos (que podem causar visão borrada) e convulsões.
Outro caso em que a infecção pela doença é bastante preocupante é nas mulheres gestantes; já que, embora a doença possa não prejudicar muito a grávida, ela pode causar uma série de transtornos no feto em desenvolvimento – que pode acabar nascendo com excesso de líquido no cérebro, a má formação de órgãos e problemas de visão. Em muitos destes casos também pode ocorrer o aborto espontâneo da criança, assim como o nascimento de um bebê sem vida.
- Prevenção da toxoplasmose
No entanto, no caso dos seres humanos, a forma de prevenção é bastante clara e simples: higiene. E, mesmo que você tenha dentro de casa um felino contaminado pela doença, isso não quer dizer que será infectado. Lavando bem as mãos após o contato com o animal e, principalmente, após limpar a sua caixa de areia, há poucas chances de que a doença seja transmitida.
A caixa de areia é outro local que deve permanecer limpo o tempo todo, e a esterilização do acessório com água fervente também deve ser feita de maneira constante para evitar chances de contaminação. No caso de quem tem crianças no lar, deixa-la em locais afastados dos pequenos também é uma boa ideia – sendo que a limpeza das mãos da criança após as brincadeiras com os bichanos deve ser algo ensinado desde cedo, garantindo a higienização e, com isso, a prevenção.
Em todos os casos (seja para evitar a infecção em animais ou humanos), a higiene é a palavra-chave. Todo tipo de vegetal que for ingerido deve ser bem lavado e todo tipo de carne a ser consumida deve ser bem cozida antes do consumo, acabando com a possibilidade de que o protozoário possa ser transmitido para quem come o alimento. Lavar bem os utensílios de cozinha que entram em contato com carnes cruas também é uma boa medida para garantir o afastamento do problema.
Toxoplasmose - Diagnóstico e tratamento da toxoplasmose
Para que a identificação da toxoplasmose em humanos seja feita, é necessária a realização de exames laboratoriais específicos, que podem incluir desde simples exames de sangue até testes sorológicos, ultrassonografia craniana, exames de imagem como tomografia e ressonância magnética, entre outros.
Vale lembrar que, em cerca de 80% dos casos da doença em humanos, ela é assintomática (ou seja, não provoca nenhum tipo de sintoma) e, por isso, há muitos casos em que a pessoa possui a doença e nem mesmo sabe disso.
No caso dos animais, o diagnóstico da toxoplasmose também pode requerer a análise de amostras de tecido, exames de sangue, exames de fezes, hemogramas e radiografias, entre outros – sendo que um simples exame clínico não é capaz de definir um diagnóstico preciso nos casos de toxoplasmose. Os exames sorológicos, que detectam a presença de anticorpos contra a doença no corpo do animal, também fazem parte dos testes requisitados com maior frequência para tentar identificar a doença em animais.
O tratamento da toxoplasmose em seres humanos que não contam com tipo algum de comprometimento imunológico, na maioria dos casos, consiste em esperar; já que, em cerca de um ou dois meses, a doença será eliminada pelo próprio organismo da pessoa. No entanto, nos casos em que a pessoa apresente sintomas ou tem alguma deficiência imunológica, remédios específicos são usados para acelerar este processo de cura – sendo que o período de tratamento dura cerca de três semanas.
No caso dos animais doentes, o tratamento também, é feito por meio da administração de medicamentos específicos, sendo que o remédio será indicado de acordo com o nível de desenvolvimento da doença e os seus sintomas – podendo incluir desde a receita de antibióticos até quimioterápicos, entre outros tratamentos de apoio.
Embora os meios de tratamento sejam variados, não há um elemento que seja capaz de eliminar por completo a toxoplasmose do corpo dos bichos e, por isso, casos de recorrência são relativamente comuns nos animais que já foram previamente afetados pela doença.
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