- Sinopse e detalhes:
Nova Orleans. Marley Corbett (Kate Hudson) é uma jovem divertida que tem medo de se entregar completamente em um relacionamento. Ela tenta usar o humor para impedir que os problemas se agravem, mas é pega de surpresa quando, ao visitar o médico Julian Goldstein (Gael García Bernal), descobre que está com uma doença grave.
O que você faria se estivesse com os dias contados? “Pronta para Amar” (“A Little Bit of Heaven”), história de uma publicitária, Marley Corbett (Kate Hudson, de “Como Perder Um Homem em 10 Dias”), que se apaixona por seu médico, o charmoso Julian Goldstein (Gael García Bernal, de “Diários de Motocicleta”). Os dois se conhecem depois de ela saber que tem uma doença irreversível.
Porém, até que o amor chegue (daí o nome do filme em português, ou seja, até que ela esteja pronta para amar), Marley vai fazer o discurso que está em moda em Hollywood (vide “Amor Sem Compromisso”, “Amor e Outras Drogas” e “Amizade Colorida”): “não preciso de ninguém para ser feliz”, “posso fazer sexo casual sem me apaixonar”, “não me vejo casada, principalmente do modo tradicional”, tal como diz, no início da fita, em narração em off, porque não quer o matrimônio tal como acontece nos contos de fada.
Isso porque ela tem um amigo gay, Peter (Romany Malco), com quem pode sair para dar risada, conversar e, quando tem vontade de transar, seu celular tem o nome de alguns parceiros, ainda que uma de suas amigas, Renee (Rosemarie DeWitt), que é casada, tem uma filha e está a espera de outro, torça para que ela se apaixone de verdade. Já a outra amiga, Sarah (Lucy Punch), que é artista plástica e colega na agência de propaganda, dá a força que ela precisa, deixando-a ser ela mesma.
Marley faz reflexões sobre a vida, discute sobre o fato de não acreditar em Deus, por exemplo, e, por isso, sentir inveja das pessoas que acreditam, “pois essas não têm medo de as coisas acontecerem”. Deus, pra ela, aliás, é representado pela atriz Whoopi Goldberg, que faz o papel dela mesma.
E é quando sente uma dor no corpo que a comédia romântica vira drama. É aí que ela vai procurar o médico e o longa-metragem começa a ter outro rumo, pois é por ele que ela virá a se apaixonar.
No quesito drama, este filme remete a dois outros: “Doce Novembro” (“Sweet November”, 2001), no qual a protagonista, Charlize Theron, vai contando os dias para morrer enquanto vive o amor juntamente com o personagem vivido por Keanu Reeves, e “Lado a Lado” (“Stepmom”, 1998), com Julia Roberts e Susan Sarandon nos papéis principais, também lutando contra o câncer.
É com bom humor que a personagem de Kate vai enfrentar seu diagnóstico, embora o espectador possa não entender sua reação, já que se trata de uma situação extremamente delicada. Seria o fato de encarar as más notícias com felicidade, já que não há meio de revertê-las. Talvez seja uma maneira particular de enfrentar a vida, e de fazer cada um aprender a viver a seu modo.
Dirigido por Nicole Kassell (“O Lenhador”) e baseado em roteiro original de Gren Wells, “Pronta para Amar” não mede as consequências que os atos terão em cada personagem e também quanto a reação do público. Até porque o choro vem fácil e é inevitável. Portanto, cada um deve ter em mente seu nível de sensibilidade ao assistir este filme, pois há cenas realmente incontroláveis
- - É pra rir e para chorar ...
Marley Corbett (Kate Hudson) é uma publicitária bem sucedida, safadinha por natureza e rainha do sexo casual por uma única razão: não acredita no amor para sempre. Cercada de amigos que curtem seu jeito especial de ser, ela foi duplamente surpreendida ao fazer um exame de saúde: conheceu um simpático médico (Gael Garcia Bernal) todo anjelical e - pasme - entrou em contato com Deus (Whoopie Goldberg), que a avisou da gravidade de sua doença.
Na abertura, uma trilha típica do gênero situa o espectador no clima pra cima, apresentando personagens, a farra e unidade entre eles, mas na medida em que a história avança, esse colorido dá espaço para tons menos vivos e um preto-e-branco menos cool bate à porta da protagonista. É quando você descobre que a descrença dela em relação aos laços afetivos tem origem em casa, pois seus pais (Kathy Bates e Treat Williams desperdiçados) não se dão bem. Para piorar, uma das amigas (a boa Rosemarie DeWitt) está grávida, fazendo o delicado contraponto de que um está chegando enquanto o outro está partindo. Tristeza, alegria... qual sentimento prevalece? Mesmo dando continuidade ao jeitão dela de tocar a vida, a proximidade com a morte pesa na maioria das vezes, reduzindo a capacidade de rir e até tendenciando para um lado piegas. O roteiro insere romance, com estrela sem maquiagem e astro com derrière a mostra, além de esperança na luta contra o câncer, mas rola um humor (bizarro) com relação a região afetada.
A sequência com o anão Pedacinho de Céu, cujo nome em inglês A Little Bit of Heaven) (Um pedacinho do céu) é o título original do filme, é altamente (sem trocadilho) de mau gosto. E este flerte com a bizarrice é uma constante, como revelam sequências envolvendo personagens travestis, transformistas e até piadinha com o "casal "Sigfried e Roy", mágicos de Las Vegas. No embalo de boas canções (tem até Bates cantando "Mercedes Benz", de Janis Joplin) e por conta da avalanche de situações, não será difícil o espectador ficar confuso com o andamento da trama, que descamba para o dramalhão, reforçando a tese inicial do gênero errado.
Nessa salada de sentimentos, fica a certeza de que a dificuldade de se expressar nunca deve impedir que o amor se manifeste e seja sempre possível uma reconciliação. Permanece a dúvida se o filme é para rir ou, se é também, para chorar.